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terça-feira, 10 de outubro de 2006

Pilotos aprendem nos EUA

A Força Aérea Portuguesa (FAP) está a formar pilotos nos Estados Unidos para colmatar o défice crónico destes profissionais – neste momento há um défice de 100 aviadores. O objectivo é qualificar 100 pilotos aviadores até 2011, o que custará um milhão de euros e permitirá garantir a operacionalidade de todas as bases aéreas.

O recurso ao estrangeiro foi a alternativa encontrada pela FAP para “formar mais pilotos em menos tempo”, disse ontem o general Taveira Martins, Chefe de Estado Maior da Força Aérea (CEMFA), à margem das comemorações do Dia da Unidade da Base Aérea de Monte Real (BA-5).

A formação dos pilotos está a cargo da Academia da Força Aérea, mas depois os cadetes seguem para os EUA, onde estão durante um ano a completar a qualificação.

“Durante a minha permanência como CEMFA procurei que os cadetes, pelo menos durante três cursos, fossem para os EUA. Estão lá um ano e recebem as asas. São pilotos”, explicou o general Taveira Martins.

O custo de formação de um piloto militar está calculado em dez mil euros (dois mil contos), mas depois de receber as asas – o que significa estar apto a pilotar um avião – é necessário continuar a formação, nomeadamente para obter a qualificação necessária para operar uma determinada aeronave militar.

No caso dos aviões F-16 – os mais modernos da Força Aérea e que estão estacionados na Base Aérea de Monte Real –, quatro pilotos fizeram a sua qualificação nos EUA no ano passado e este ano estão lá outros quatro.

“Nós gastamos muito dinheiro na formação e quando eles recebem as asas precisam de um bom enquadramento e de voar muito, para terem as qualificações”, frisou o CEMFA, adiantando que “desde que vêm dos EUA como cadetes até chegarem a capitães da Força Aérea e serem pilotos experimentados gasta-se muito tempo e dinheiro”.

O quadro permanente da FAP precisa de 300 pilotos operacionais, mas hoje tem um défice de 100, o que resulta da sua saída para a aviação civil, que se tem acentuado nos últimos anos. A “carência generalizada de pilotos aviadores” foi várias vezes referida pela hierarquia da Força Aérea, que tem demonstrado dificuldade em mantê-los nas suas fileiras.

O general Taveira Martins tem a convicção de que “continuarão a sair pilotos” da FAP para a aviação civil, “mas se a situação estiver normalizada, o que acontecerá dentro de cinco anos, não haverá grande problema”. “Até porque já temos muitos pilotos em regime de contrato – a receber formação em Beja – e esses também servirão para contrabalançar todas as saídas”, explicou.

“Temos de captar jovens, sem eles não existe Força Aérea, mas tem de haver disciplina, rigor e uma boa qualificação”, afirmou Taveira Martins, concluindo que “a palavra chave é vocação e paixão por isto. Dá para muitos, não dá para alguns”.

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