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sexta-feira, 29 de setembro de 2006

"Esta voz... esta voz! Romeiro, quem és tu?"...


A comunicação é bem capaz de ser uma das piores características que o ser humano possui. Tantos anos de evolução e desenvolvimento e ao fim de este tempo todo, quantas e quantas vezes a comunicação falha? Conseguimos desenvolvê-la tanto que por vezes nem nós a conseguimos utilizar. Tal como a nova gramática que vai ser testada este ano lectivo por algumas escolas do nosso país, segundo o que ouvi dizer. Gramática esta, a TLEBS (Terminologia Linguística para os Ensino Básico e Secundário), que utiliza palavras e expressões tão correntes e acessíveis que há professores que não conseguem discernir o seu conteúdo; tão correntes e acessíveis que algumas nem constam da generalidade dos dicionários de linguística.

Mas quando o problema de comunicação é entre nós e outros, ou vice-versa, a coisa ainda vai. O problema surge de forma preocupante quando não conseguimos comunicar eficientemente connosco próprios. Não era suposto ao ver um filme cómico, rir e sair da sala de cinema alegres? Ok, concordo que nem sempre, mas estou a colocar uma situação em que o filme até tem piada, é mesmo cómico. Seria suposto rir durante o filme e no fim estar ainda alegre, rir relembrando algumas partes do filme, coisas assim, suponho eu. Então e quando isso não acontece? Quando no fim de um tal filme, ficamos quietos, pensativos, com vontade de dizer a alguém "Desculpa...", sem que haja realmente nada à primeira vista pela qual nos queiramos redimir ou lamentar. Quando, depois disso, ficamos com uma sensação de vazio e necessidade de um abraço eterno em que através do contacto dos dois corpos as almas se misturam uma na outra. Quando, à medida que se vão dando alguns passos, um rio flui calmamente em direcção a uma barragem que a única coisa que queria era poder aliviar a pressão, nem que fosse só uma gota.

O que é que nós nos queremos dizer com estas manifestações interiores de um sentimento paradoxal?

E ainda para mais, se isso acontecer num dia em que se tem conhecimento de mais um objectivo cumprido e de uma certeza que até então, por não existir, teimava em fazer tremer o espelho de manhã. Se nesse dia, esses acontecimentos têm lugar, fazendo com que a possibilidade de entrar na corrida que permite o cortar a fita da tão desejada meta, qual o porquê destes sussuros ao ouvido e toques subtis, como que alguém que tem algo a dizer mas a mão lhe treme quando tenta escrever?


..."Ninguém (...): se nem tu já me conheces!"